“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido. ” (Fernando Pessoa)
Camarada confidencio a você que traz a
brisa do oceano, o frescor, a rajada, o sopro e a ventania que chegou em nosso
planeta Terra um tal coronavírus que está desgraçando com a vida dos pobres e
ricos. Os governantes desorientados estão mandando todas as pessoas ficarem em
suas casas, pararam as indústrias, as empresas, os comércios, até os camelôs, vendas
de esquina e beira da rua. Está uma “disenteria geral” digo assim porque todos
os prefeitos, governadores resolveram tomar conta do seu território como se
fosse um país, cada um fazendo ao seu modo, com o aval da suprema corte. Todos
agora são presidentes, a ânsia do poder faz a democracia estremecer diante dos
autocratas.
O governante geral da nação previu
algo diferente de todos e parece que está certo, mas a maioria rebelada quer
combater o Covid -19 conforme a sua vontade. O aprisionamento em casa começa a
causar fastio, ansiedade e depressão. Os idosos desesperados com a prisão
doméstica pulam muros, janelas, sobem escadas, gritam, esperneiam e permanecem
submissos aos mais novos que os protegem e/ou subjugam.
Os jornais, revistas, televisão, rádio,
internet e mídias sociais noticiam as mortes com alegria e escondem o sucesso
dos recuperados. Parece que vibram com o insucesso, desgraça e fracasso do
nosso país.
O judiciário promove a liberdade dos
presos e incentiva a prisão de inocentes, aprova a desobediência e protege os
culpados; o legislativo aproveitando-se do recolhimento, medo e desatenção do
povo devido à pandemia, reajusta os próprios salários, mantem benefícios para
assegurar as eleições com o dinheiro suado do povo e, não contribui para amenizar
a crise, ao contrário incentiva as diferenças, legisla em causa própria.
O povo meu amigo vento, está sofrendo
tipo sovaco de aleijado, alguns governantes de estados limitam até o movimento
entre cidades nos ônibus, vans e carros particulares; outros controlam as
pessoas que estão nas ruas através das linhas telefônicas, enquanto alguns reúnem
milhares de pessoas para entregar cestas básicas, se aproveitam do momento de
sofrimento para subjugar os miseráveis e imprimirem as suas marcas autoritárias
e opressoras.
Os apresentadores de TV que incentivam
os cidadãos a se manterem em quarentena, sem sair de casa, passeiam nos bosques
e correm nas passarelas dos condomínios de luxo, nas avenidas, ruas, em volta
de lagoas, lagos, nas margens dos rios e calçadões das praias. Os mais necessitados
não podem sequer sair à rua porque poderão ser presos, como fizeram com uma
senhora, mãe de família em Goiânia e, com um senhor, dono de um lava-jato que
tentava trabalhar na cidade de Maringá no estado do Paraná e foi imobilizado, sufocado
e quase morto no meio da rua. Aqui companheiro vento algumas pessoas não usam de
imparcialidade, isenção, equidade em seus juízos, atos e decisões. Aplicam-se dois
pesos e duas medidas.
“As
palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade. ” (Victor Hugo)
As maiores redes de supermercados se mantem
abertas, enquanto os pequenos comerciantes, lojistas e ambulantes estão
impedidos de abrirem as portas e saírem às ruas para vender seus produtos.
Percebo que neste pedaço do planeta o vento sempre sopra a favor dos mais
afortunados.
Quero dizer amigo vento que por aqui
os direitos não são iguais como dizem. Nem todos são iguais perante a lei –
apenas está escrito na constituição da República Federativa do Brasil, mas não
se cumpre. Quem tem mais influência, tem os privilégios, enquanto os menos favorecidos
vivem a mendigar favores dos governantes.
Eu sei que o vento não tem soprado favoravelmente
ao governo do nosso país, talvez seja porque o governante maior tenha cortado
as regalias de muitos, não tenha fatiado os ministérios e rateado cargos entre
os partidos políticos. A luta para combater os desvios de recursos e o esquema
de corrupção sistematizada que imperam nessa nação é gigantesca e ultrapassa a
fronteira do nosso vasto território. Não sei o vento com toda a sua liberdade conviveria
harmonicamente numa terra corrompida.
Os cidadãos de bem do nosso país estão
confusos. Não importa se defendem a esquerda, a direita, o centro, existe algo impedindo
o crescimento, dificultado a ordem e o progresso, provocando contínua discórdia
e conflito entre os brasileiros.
As emissoras de televisão, rádio,
revistas, jornais, e mídias sociais em sua maioria incentivam o caos, promovem
a mentira, a histeria, a confusão... em detrimento de propagar o amor, a paz, a
união, a ordem e o progresso e, sobretudo vestir a camisa verde, amarelo, azul
e branco em vez de defender os interesses de países de bandeira vermelha, dentre
eles o possível difusor do coronavírus para todo o mundo, que adquire as nossas
riquezas a preço de banana.
Me diga grande conselheiro “Vento” a
quem podemos recorrer para trazer a paz ao Brasil?
Seriam os governantes capazes de usar
um vírus para manter o povo submisso ao poder e ao mercado? A dimensão real dos
efeitos do coronavírus e tão catastrófica quanto a fome, a gripe comum, a
dengue, a malária, e doenças crônicas como hipertensão e diabetes? Quem levará
vantagem promovendo a histeria e o pânico? O que nos impede de ter uma convivência
pacífica? Por que os interesses políticos estão acima dos interesses do país e dos
cidadãos brasileiros? A pandemia do
coronavírus não seria mais uma estratégia dos chineses para dominar o mundo? O que podemos fazer para dizimar esse vírus do
planeta terra?
O que você tem a me dizer amado vento?
Hoje estou a exatamente um mês que não saio de casa para o trabalho, nestes
dias me dediquei à leitura de bons livros entre eles Rubem Braga e Humberto de
Campos; concluí a revisão de três livros inéditos e a diagramação de um deles:
No Fluir das Horas, A Vida é um Sopro (crônicas) e Gotas de Esperança (Poemas);
continuei a produção literária diária de crônicas, poemas, contos; terminei de
escrever um livro contando as minúcias de uma viagem realizada entre o final de
2018 e início de 2019 para Alagoas, intitulado “Me Leva na Mala pra Maceió”. E estou
escrevendo um livro sobre uma viagem que realizei em junho de 2019 para Disney
em Orlando na Florida.
Fiz tudo isso além de trocar mensagens
de e-mail, WhatsApp, publicações diárias no Fala, Sanches (Facebook) e
falasanches.com; compartilhar poemas e crônicas em homenagem aos 400 anos de
Rosário, minha terra natal.
Todavia, o tempo parece não passar. Os
dias são longos e as noites curtas. Sei que estou sendo produtivo, mas estou me
sentido um prisioneiro na caverna como disse numa das crônicas que escrevi
sobre o confinamento “Prisioneiros na Caverna”; e, também em outras
recentemente escritas “Pandemia: Espalhe o Vírus do Amor! ”; “Anjos da Guarda: De
Mãos Dadas para Salvar Vidas”; “Percebi Que o Jardim é Lindo! ”; “Oito ‘Nós’ do
bambu”; “O Retrato da Rua Grande”, além desta crônica “Carta ao Vento”. Todas
retratando o período de confinamento a que estou submetido, na expectativa de me
manter saudável com a saúde física e mental assegurada.
Agora faço a pergunta final ao vento:
Depois de todo esse tempo em quarentena estou imunizado contra o coronavírus?
E o vento apressado responde:
" Até o momento não
estamos protegidos’ contra o Covid-19: ‘ Não há vacinas, não há tratamento ’, e
o homem não está naturalmente imunizado contra o vírus, que seu organismo nunca
antes experimentou. O seu tratamento
consiste em tratar os sintomas. Alguns pacientes recebem antivirais e outros
tratamentos experimentais, cuja eficácia está sendo avaliada. Em relação à
vacina, há algumas pesquisas em andamento, mas só se poderá contar com ela após
vários meses. ”
Fiquei triste e decepcionado ao ouvir
a resposta indesejada e resolvi finalizar aqui esse relato. Dedico esta crônica
aos pesquisadores e especialistas que trabalham diuturnamente em busca de uma
vacina para combater o coronavírus que atormenta a humanidade, mas será vencido
em breve pela ciência. No futuro será mais uma página virada na história das
pandemias superadas pela humanidade. Viva a Vida! Viva a Ciência! Fora coronavírus!
“A maioria das
pessoas nunca vai longe o suficiente no seu primeiro vento para descobrir que
elas terão uma segunda rajada. Dê a seus sonhos tudo o que você tem e você se
surpreenderá com a energia que vem de você. ” (William James)
José Carlos Castro Sanches
São Luís, 10 de abril de 2020.
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