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Literatura de confinamento

Todos habituados a uma vida on e, de uma hora para outra, pegos quase que de surpresa, passamos a uma vida off. Isso acabou por nos fazer rever práticas e teorias sobre as atividades cotidianas, os hábitos familiares, a rotina produtiva... O presencial passou a ser repensado e o "a distância" ganhou espaço como medida alternativa e o protagonista das possibilidades.

Ler e escrever pode ser uma ocupação bastante prazerosa durante a quarentena. Foto: JC Uol

Lugares, pessoas e afetos passam a ser objeto de reflexão, o estar só virou rotina, tudo isso sem que a vida parasse. Não, ninguém me venha com essa de "o dia em que a terra parou". Tudo continua, mas de um jeito bem peculiar e desafiador. O trabalho continua -  embora em home office ou teletrabalho, as contas virão, os estudos precisam ser continuados... Sim, nada parou, embora muitos tenham se isolado. 

O que tudo isso nos diz? O que sentimos nesse contexto? O dizemos sobre tudo isso? O que os outros têm a compartilhar sobre esse momento? Conhecer vivências, perceber emoções, descobrir experiências alheias e compartilhar a nossa. Esse é um convite que pode ser bem interessante e ter muito a nos dizer, nas mais variadas formas. 


E a despeito de tudo até então dito, pode ser uma ocupação saudável, de distração, entretenimento e cultura. O convite está feito, a proposta lançada. Participe e compartilhe suas impressões mais expressivas, conte-nos suas experiências de confinamento "voluntário", fazendo também literatura de quarentena. 


Por Cleilson Fernandes. Arari, MA

Comentários

  1. Boa tarde. Uma boa iniciativa. Precisamos da poesia pra esse momento tão dificil. Parabéns...

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    Respostas
    1. Verdade. Valeu! A ideia é essa mesma: propor uma forma de leitura saudável e uma atividade produtiva textualmente falando.

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  2. Excelente. Confesso não saber e nunca ter ouvido essa interpretação de Legião Urbana. Me chamou atenção a citação do romance mitológico de Hades e Perséfone. Que segundo a mitologia grega, o Deus do submundo Hades sequestrou a deusa Perséfone e lhe conduziu a comer um romã. Fruto que causava paixão ao submundo. E com isso, por força Perséfone se viu amante e guardiã do mundo dos mortos.
    Um amor forçado, creio que foi o "plot" na canção.

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