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Quarentena II


Coronavírus ou Covid-19, seja lá qual for a denominação que atribuamos ao bichinho asiático da gripe, ele causa em nós transtornos e parir estado de pânico.


Nos tempos de hoje: febre, dor de cabeça, tosse e falta de  ar são anomalias corporais que fazem o vizinho correr à janela, colocar a toalha de banho na cara e berrar: “salve-me Nossa Senhora da Graça, além de morfético o meu vizinho tá com coronavírus!”. Não é para rir, é para refletir.
O mundo está doido e o trem não para ninguém descer.
No advento das redes sociais o que não nos faltam são “médicos e terapeutas” de pornochanchadas, patenteados por palpiteiros de pasquim, discutindo formas e regras para isolar o bichinho voador  de olhos orientais.
Por mais que você pense que o mundo seja uma graça, sempre ressuscitará na esquina da adivinhação a “doidice enfeitada de doida” bolinando o bom senso.
Fala um daqui, grita um outro dali, mesmo com gestos de meiguice e doçura. Ainda assim, ante a tudo isso o que se consegue é um rosário de expressões enfeitadas de fuxicos transformados em tricô de letras.
Enfim, pessoas de todos os segmentos sociais opinam, expressam-se, beijam-se, namoram, balançam as cadeiras e até viram ripes.
Mas, continuam presos, indecisos, em pânico, com o bichinho asiático voador que bebe gripe, e...
continuamos a seguir o Carpinteiro.

José Maria Costa


José Maria Costa escreve às segundas-feiras, no Quarentena Literária. 
É arariense e hospeda-se na cidade de São Paulo, mas nunca perdeu o vínculo com a terra natal. É do ramo das Letras, Educação Física e Direito. Blogueiro e comentarista do “ quotidiano “ e define-se, não como escritor, mas como "escrivinhador", embora seja autor de diversos livros e com participação em várias coletâneas literárias em Arari e no Brasil.


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