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Poema sem cor

Verbalizar pensamentos e sentimentos é torná-los vivos fora da memória; ter a oportunidade de fazer isso é um prazer. Não quero falar de quarentena, pois agora me basta vivê-la. Vou falar de vida, mesmo com a morte rondando sempre.


Ė num poema sem cor
num fim de tarde sombrio
mesmo quando o sol brilha forte
sem a escuridão da morte
eu, perdida em pensamentos
repletos de sentimentos tristes
de perdas, de prantos de dores
não lamento a minha sorte
e vou cultivando flores
pra tornar a vida mais leve
e pra que a alma se eleve
e se perpetuem os amores.

lembranças surgem e se vão
e tento sempre manter
a mente focada em Deus
e nas coisas boas da vida
na parte mais excitante
divertida e colorida
pra quando o sol se por
e o dia descolorir
eu continue a sorrir
e transforme cada instante
cada minuto de angústia
em fonte de amor e paz
força fé e esperança
pra enfrentar o porvir


cada dia tem um ocaso
para anunciar seu fim
isso não é por acaso
pelo menos penso assim
e numa bruma leve ou densa
 navegamos em mar bravio
sem a serenidade do rio
com a força do vento frio
mostrando coragem intensa
assim a vida se vai
a ela vamos levando
e também sendo levados
por mares desconhecidos
ora indo ora voltando.

onde está o fim da linha
não precisamos saber
pois Deus é quem nos conduz
só a ele cabe entender
essa força chamada vida
que age em nós como luz
e nos chama ao caminho
ao qual nem sempre escolhermos
que é nosso senhor Jesus.

Edina Bezerra 

Edina Bezerra é professora e beletrista arariense. Membro fundador da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências - ALAC. É escritora, possui 4 livros publicados.

Comentários

  1. Poema sem cor..devia ser poema de amor a vida...muito belo. Uma lição de verbalização poética...

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