Mais
um navio repousará
Eternamente nas águas do mar
No
dia 24 de fevereiro
Ao
deixar o Terminal Marítimo
Da
Ponta da Madeira
Adernou
após sofrer avaria na proa
Com
25 metros de danos no casco
Não
conseguia flutuar
Em
28 de fevereiro foi identificado
Vazamento
de óleo no mar.
II
Em
uma sexta-feira, às dez da manhã
De
12 de junho de 2020, dia dos namorados
O
navio mercante MV Stellar Banner
De
bandeira sul-coreana
Que
sofreu fissura no casco
Quando
transportava mineiro de ferro
Do
Maranhão para a China
Depois
de três meses encalhado
Recolheu-se
no mar profundo
Da
Baia de São Marcos.
III
Era
um super navio ou “gigante do mar”
Um dos maiores mineraleiros em operação no mundo
Com
capacidade para transportar até 300 mil toneladas
Um
navio mercante Valemax
Tinha
362 metros de comprimento
55 metros de largura e 30,4 metros de altura
Transportava
295 mil toneladas de minério de ferro
Mais
3 mil toneladas de óleo residual
E
140 toneladas de óleo destilado
Uma grande tormenta se abateu sobre a nau.
Uma grande tormenta se abateu sobre a nau.
IV
Removeram
145 mil toneladas?
O
restante foi por água abaixo
Para
contaminar o oceano
No
canal de acesso ao porto
A
100 quilômetros do litoral
Onde
o “Motor Vessel”
Teve
o seu trágico final.
Em
menos de um minuto
O
gigante de aço desapareceu
Nas
profundezas do mar
Seguindo
a sina do Titanic
Nos
mostrou que nada
É
indestrutível e eterno.
Tudo
tem o seu tempo
Existe
uma força maior
Que
domina o universo
Decide
o dia e a hora
Que
tudo desaparece
Nem
tudo que amanhece
Anoitece.
VII
Esse
navio como os demais submersos
Na
costa do Maranhão
Certamente
entrará para história
Dos
mistérios do Boqueirão.
VIII
O Stellar Banner me fez lembrar
Do ilustre poeta que introduziu
O romantismo no Brasil
Que morreu apaixonado
Por Ana Amélia Ferreira do Vale
Com
inúmeros poemas, a ela dedicados:
“Se se morre de amor”,
“Ainda Uma Vez – Adeus”
e “Minha Vida e Meus Amores”.
IX
Nas
mesmas águas onde padeceu
O
indianista Gonçalves Dias
Nascido
em Caxias no Maranhão
Autor
dos Clássicos “Canção do Exílio”,
“Canção
do Tamoio”, “Canto do Piaga”
e “I-Juca-Pirama”.
X
Ele
partiu em 3 novembro de 1864
Aos
41 anos de idade, escoltado
Pelo
navio Ville de Boulogne
Que naufragou na costa maranhense
Próximo à região do baixo de Atins
Na baía de Cumã município de Guimarães.
XI
A Deus, o grande poeta que pereceu
Em nosso lindo e extenso mar
Adeus, MV Stellar Banner
Que por aqui “decidiu” ficar
A china triste te espera
E por lá, nunca haverá de chegar
Porque nas águas profundas
Do Maranhão, os teus motores
Pararam de funcionar, em alto mar.
XII
E como o Ville de Boulogne
Muita saudade deixará
Aos poetas e escritores
Especulações suscitará
Ao reviverem as lembranças fecundas
A inspiração brotará
Como brotam os poemas
Na terra das palmeiras, onde canta o sabiá.
José Carlos Castro
Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL
São Luís, 13 de junho de 2020.
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL
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